Tenho tudo para ser feliz, mas não sou
Crescemos com algumas promessas: de que se tivermos dinheiro o suficiente, se conseguirmos aquele cargo na empresa, se nos casarmos e tivermos uma família, se comprar aquela casa, ficar com o corpo e a pele daquele jeito, morar naquele lugar…
Algo que acontecerá e, aí sim, seremos felizes.
Esse “algo” costuma ser idealizado e difícil de conseguir. Nos exige disciplina, trabalho duro, nos mantém ocupados e preocupados durante bastante tempo.
Então chegar “lá” e não sentir aquela felicidade que imaginávamos sentir é como uma grande traição. Caímos num golpe, mentiram para nós. O tempo passou e agora estamos perdidos.
Não foram apenas uma, duas ou três pessoas que, bem-sucedidas, viram-se diante do vazio que a suposta vida perfeita não preencheu.
Escrevo isso, de um lugar de muito respeito e cuidado. Não foi burrice. Dar-se conta de estar nesse lugar é muito difícil, sofrido e costuma vir com uma culpa gigantesca: algo deve estar errado em mim que não consigo me sentir bem como deveria.
Ter recursos materiais, financeiros e conquistas nos ajudam muito na vida. Nos protegem. Além disso, aguentar o processo de “chegar lá”, também pode cobrar um tanto de distanciamento do nosso mundo interior. Melhor se ocupar e não pensar, não sentir. Mas a segurança material não é garantia para a segurança emocional. São coisas diferentes.
É muito difícil desfrutar de qualquer experiência boa sem saúde mental. Se você se identifica com essa descrição, quero te dizer que vazio que você está sentindo é um sinal, quer te dizer que há algo dentro de você pedindo atenção. E não tem a ver com algo que possa ser negociado, também não é algo que exija que você seja um gênio, o melhor, o maior…
Tem mais a ver com vulnerabilidade, com conexão, com afeto. Com curiosidade e descobertas sobre si mesmo, autoconhecimento. O trauma nos ensina lições enviesadas sobre quem somos e o que podemos experimentar na vida. Mas assim como aprendemos a nos proteger e esconder nossos medos, podemos aprender a viver experiências boas, seguras e verdadeiras. Isso não é um mito. Ainda há tempo de cuidar e ser cuidado(a).
Uma jornada terapêutica pode te ajudar nisso. Um olhar para você.